terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Voltar a Essência

Demorei um ano para começar a escrever estas linhas. Começo agora, pois só agora consigo entender o que se passou. Vocês conseguem entender o que é morrer? Ou melhor, conseguem entender o que é nascer, ou renascer?  Muitos entendem, pois passaram por um grave acidente ou uma doença devastadora e sobreviveram. Ainda sim é diferente.

Há um ano escrevi sobre minha entrada no candomblé e sobre o passo importante que daria naquele momento. Lá eu dizia:

"Ser do candomblé é se deixar disponível para a caridade a todo o momento. Ser do candomblé é trabalho, muito trabalho! Mas é também gratidão. A sensação de ajudar o próximo e receber de volta um sorriso, um abraço e o principal, saber que de alguma maneira você contribuiu para a evolução e o bem estar do outro é algo indescritível."

Pois bem, em janeiro de 2017, enfim, nasci para o orixá! O que isso significa? Abdicar de muitas coisas para viver a caridade e evoluir junto com toda sua espiritualidade. É ter a certeza de que nunca estará só e também nunca poderá deixar alguém que precise de você sozinho! É ser você, na mais pura simplicidade e complexidade que isso exige. Logo mais vou escrever sobre isso, agora é sobre mim e as mudanças que este nascimento causou.

É engraçado! A primeira mudança foi a descoberta de que o candomblé sim, é isso, de estar disponível para caridade, porém, vai além. É se descobrir e deixar os personagens de lado para voltar a sua essência, a sua ancestralidade.   "Ser essência muito mais", trago essa frase tatuada nas costas há algum tempo e agora ela faz tanto sentido que só consigo pensar em premonição!

Bom, neste um ano passei por algumas experiências, boas e ruins, claro, mas vivências que me fizeram começar a entender o que é ser de um orixá. No outro texto deste blog, eu dizia que estava indo nascer para uma nova vida e agora volto para dizer que realmente a vida é nova! Melhor? não consigo fazer ainda este balanço, porém posso dizer que é uma vida diferente, mais cautelosa, mais impaciente com o outro, com um foco ainda embaçado pelo suor que escorre pelo rosto e pinga na lente.

Voltar à essência não é algo tão simples! É como aquela criança que está aprendendo a atravessar a rua, contudo, agora, a travessia é feita sozinha e a descoberta do melhor caminho se dá aos poucos. De vagar e sempre, sempre devagar! Assim vamos levando, refletindo, entendendo e buscando sempre melhorar!


Come together?

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