Demorei um ano para começar a escrever
estas linhas. Começo agora, pois só agora consigo entender o que se passou.
Vocês conseguem entender o que é morrer? Ou melhor, conseguem entender o que é
nascer, ou renascer? Muitos entendem, pois passaram por um grave acidente
ou uma doença devastadora e sobreviveram. Ainda sim é diferente.
Há um ano escrevi sobre minha
entrada no candomblé e sobre o passo importante que daria naquele momento. Lá
eu dizia:
"Ser do candomblé é se
deixar disponível para a caridade a todo o momento. Ser do candomblé é
trabalho, muito trabalho! Mas é também gratidão. A sensação de ajudar o próximo
e receber de volta um sorriso, um abraço e o principal, saber que de alguma
maneira você contribuiu para a evolução e o bem estar do outro é algo
indescritível."
Pois bem, em janeiro de 2017,
enfim, nasci para o orixá! O que isso significa? Abdicar de muitas coisas para
viver a caridade e evoluir junto com toda sua espiritualidade. É ter a certeza
de que nunca estará só e também nunca poderá deixar alguém que precise de você
sozinho! É ser você, na mais pura simplicidade e complexidade que isso exige.
Logo mais vou escrever sobre isso, agora é sobre mim e as mudanças que este
nascimento causou.
É engraçado! A primeira mudança
foi a descoberta de que o candomblé sim, é isso, de estar disponível para
caridade, porém, vai além. É se descobrir e deixar os personagens de lado para voltar
a sua essência, a sua ancestralidade. "Ser essência muito
mais", trago essa frase tatuada nas costas há algum tempo e agora ela faz
tanto sentido que só consigo pensar em premonição!
Bom, neste um ano passei por
algumas experiências, boas e ruins, claro, mas vivências que me fizeram começar
a entender o que é ser de um orixá. No outro texto deste blog, eu dizia que
estava indo nascer para uma nova vida e agora volto para dizer que realmente a
vida é nova! Melhor? não consigo fazer ainda este balanço, porém posso dizer
que é uma vida diferente, mais cautelosa, mais impaciente com o outro, com um
foco ainda embaçado pelo suor que escorre pelo rosto e pinga na lente.
Voltar à essência não é algo
tão simples! É como aquela criança que está aprendendo a atravessar a rua,
contudo, agora, a travessia é feita sozinha e a descoberta do melhor caminho se
dá aos poucos. De vagar e sempre, sempre devagar! Assim vamos levando,
refletindo, entendendo e buscando sempre melhorar!
Come together?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
"A Paz, A ciência, A Essência"